Cadê a minha dignidade? Acho que deixei por aqui

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Shane McGowan e punk rock irlandês

Antes de eu começar essa caretice de tocar música irlandesa, eu tive um passado onde o rock me dominava. Inclusive o punk rock irlandês me influenciou um bocado. Bandas como Flogging Molly, The Pubcrawlers e The Pogues, que eu escuto um bocado, conseguem unir o puro espírito rebelde, beberrão e auto-destrutivo do punk rock e usá-lo tocando música tradicional acoplada. O Pogues nem usa guitarras, até onde lembro. Esse espírito punk que eu disse, é algo que os irlandeses conhecem bem, eles são assim mesmo. Beberrões, brigões, quebram tudo, não vão com a sua cara e xingam a sua mãe, etc. Não é por acaso que o punk se incorporou naturalmente à cultura irlandesa - isso digo eu, que nunca fui lá... mas é que os punks irlandeses parecem genuinamente... irlandeses.

Eu falei do The Pogues. O antigo vocalista do Pogues é um dos ícones do rock, e da Irlanda. Um sujeito feio para caralho chamado Shane McGowan.

O Shane McGowan tem a característica de estar sempre, totalmente, o tempo todo, bêbado. Muito, muito bêbado. Ele aliás fica melhor assim, a voz dele é a típica voz das irish pub drinking songs, as músicas de pinguço que os pés-d'água da Irlanda balbuciam quando já entornaram todo o stout e o uísque que conseguiram. Stout, aliás, é a cerveja preta e forte que eles bebem. Cerveja verde de Dia de São Patrício é o cacete. Cerveja boa e irlandesa mesmo é a Guinness, ou outra que seja uma stout.

Outra característica do McGowan são os seus dentes. Quer dizer, eles eram caracteristicamente feios na década de 80, quando ele ainda os tinha. Hoje, ele já não tem quase nenhum.
Shane McGowan com dentes

Shane McGowan sem dentes (talvez tenha ficado melhor assim)

Sei pouco sobre ele. A primeira vez que o vi, foi num vídeo da década de 70 ou 80, numa época que o Pogues fez uma parceria com o Dubliners, para mim a melhor banda de música tradicional irlandesa que eu conheço. Eles estavam se apresentando em um programa de televisão, e eu notei que um dos vocalistas, além de estar completamente bêbado, tinha dentes horríveis e orelhas gigantes. A música que eles estavam cantando era "The Irish Rover", e eis o vídeo:


Depois eu vi um vídeo onde um cara -tentava - entrevistar ele. Era o final de um show do Pogues, só que o Shane estava tão bêbado que ele se limitou a ficar em pé, cantando sozinho. Até tenho o link do vídeo mas ele é curtinho e não vale a pena ser postado, rs.

Por um lado é engraçado, mas por outro também é um pouco deprimente ver a ruína desse cara. Ele destruiu o corpo, a voz, a carreira. O Pogues estava em alta quando chutaram o McGowan por comportamento anti-profissional. Ele criou um projeto solo depois, o Shane McGowan & The Popes, do qual não conheço nada, e não sei se foi à frente ou não. Deve ter ido, porque até hoje o cara é famoso - mais como referência em relação a bizarrice, um ícone. Ele deve ser tipo o Michael Jackson ou a Dercy Gonçalves da Irlanda. Aquela bicha do Pete Doherty, que adora bizarrice (sendo ele mesmo um sujeito bizarro) cola nele.

Bom, comparando ele com outros grandes punks como Sid Vicious, Johnny Rotten, Dee Dee Ramone, ele tá até bem. Está vivo, para começar. A quantidade de cerveja que ele bebeu na vida é líquido sufuciente para encher a Baía de Guanabara. Não, é sério. Ele declarou que começou a beber com quatro anos. Quatro anos! E desde então bebe todos os dias. Aos 10 anos, passou pro uísque, e na adolescência para a heroína e outras coisinhas leves, fofinhas e super saudáveis. A foto dele deveria ser capa do artigo da Wikipédia para Alcoolismo. Mas o Shane McGowan é Rei. Ele é feio, e daí? O Jimi Hendrix era o cão chupando manga, parecia o meu ovo esquerdo do avesso com um pouco mais de melanina, e era foda. FODA! Engraçado que quando esses ídolos não morrem de overdose lá nos anos 70, no auge da juventude e do sucesso, eles viram uns cacos humanos e motivo de piada. Pegue o Ozzy como exemplo. Ele foi brilhante, e hoje ele simplesmente é um sujeito tapado que parece a Rita Lee. Taí. A Rita Lee é um bom exemplo de uma junkie hardcore, uma junkie old-school, que sobreviveu aos anos 70 e continua uma puta artista. Ou uma artista puta? Para mim ela é a encarnação da Rê Bordosa. E eu adoro a Rê Bordosa, a primeira personagem dos quadrinhos a morrer! Eu encontrei num sebo na calçada de uma rua no Rio de Janeiro essa edição do Chiclete com Banana, "A Morte da Porraloca." Ou seria melhor Pombagira? Enfim, foda-se. Não vem ao caso.

Agora vou mandar o fake que este é um blog moderninho, indie e descolado. Para finalizar este post, vou disponibilizar o link para um filme que eu ainda estou esperando carregar para ver, é o Punk Rock Movie. Esta maravilha de 1978 é, ate onde eu li no Google, a compilação de uma série de shows do The Clash, Sex Pistols, The Heartbreakers, Siouxie and the Banshees, Generation X, The Slits, e um monte de outras bandas monstro da cena punk dos anos 70. Foi gravado quase todo no Roxy Club, em Londres. Parece, no mínimo, interessante.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Ramo de Trevos

Recentemente - coincidência? - estava conversando com familiares sobre os famosos e tão irlandeses trevos de quatro folhas. Ou trevos, mesmo. Os trevos de quatro folhas são, até hoje, o maior símbolo de sorte que há, inclusive sendo o símbolo das Casas Lotéricas (o que é um absurdo, jogo toda semana e nunca ganhei nem 10 centavos). Os irlandeses, creio, são um povo ainda mais cheio de crendices do que os brasileiros. Acho que a crendice é uma mania dos católicos, uma espécie de sina. Eu não sou católico, mas também tenho as minhas crendices. Enfim.

Mais ou menos uns 5 minutos depois de conversar sobre o assunto, eis que a sra. minha mãe descobre que no grande vaso de plantas do lado de fora da casa brotou um ramo de trevos! Eu perguntei se ela ou alguém tinha plantado, e vi que o próprio Destino as tinha plantado. Não localizei ali nenhum trevo de quatro folhas, mas desde então tenho experimentado uma maré de sorte inexplicável. Convenhamos, eu sempre fui, e sou grato por isso, um cara extremamente agraciado pela sra. dona Sorte. Ela me ama, me mima, me nina que nem um bebê. É claro, eu geralmente dou de cara no muro da Vida quando dependo só dela. Mas eu acho que esse ramo de trevos no meu quintal é um símbolo deste momento específico da minha vida. Eu tenho me flagrado em situações que não são plausíveis a meros mortais como eu. Outros meros mortais a minha volta constatam e me falam sobre a minha imensa sorte, e eu os digo que também não consigo acreditar.

Se eu tivesse uma câmera digital, juro que... mas peraí. Eu tenho uma câmera digital! Está jogada aqui em algum canto, vou procurar e tentar tirar uma foto do ramo. Peraí.

Poarr. Sem pilhas. Acho que não sou tão sortudo assim.

De qualquer forma, os trevos existem, estão lá. O fato de eu tocar música irlandesa e ter sorte deve ter parecido plausível para o velho Destino plantar trevos no meu jardim. Ele deve ter pensado "ora, por que não? só um cartãozinho de visita, um lembrete que estou de olho."
E o puto está mesmo, não está? Eu digo: o tempo todo.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Fênix - Renascendo das Cinzas

Este blog foi criado oficialmente em 2007, sem motivo aparente, e não tinha nada, absolutamente nada que prestasse. Nunca acompanhei blogs, nunca vi sentido para blogs, até que recentemente criei um blog para a minha banda, Café Irlanda, e vendo que ao assinar os meus comentários nas postagens, aparecia um link para o meu velho blog. Tinha vergonha que alguém o lesse, francamente, porque o título antigo dele era 'queijo', e o meu nome do perfil era 'azul'. E não tinha, realmente, nada de bom nele, apenas 2 posts irrisórios e irrelevantes que, por muita sorte, ninguém leu.

Ao atualizar o Pub Virtual do Café Irlanda, vi que isso de blog é muito divertido, na verdade. E que ler o blog dos outros é muito interessante, faz com que se conheça mais um pouco sobre a vida dela, sobre sua personalidade, etc. E não só isso, a quantidade de blogs sérios e informativos é bem grande. Eu apenas não sabia usar, e limitava minha vida on-line apenas à orkut e msn. Não estou muito certo de que alguém um dia realmente lerá o que postarei aqui, mas sigo em frente mesmo assim. Dessa vez, quero fazer disso um espaço útil.

Por falar em utilidade, o nome do blog mudou para Cultura [In]útil, apenas como uma marca da minha personalidade irreverente e jocosa, que não poderia dar um nome realmente sério a isso aqui. Não que eu não seja um cara sério (há dúvidas em relação a isso), mas é que eu tenho um dom natural de escrotizar tudo. Tudo. Enfim, de qualquer forma, vou fazer com que aqui tenham realmente coisas interessantes de se ler. Também tenho a capacidade de lançar boas idéias e comentários.

Nada mais tenho a declarar, por enquanto. São três e meia da manhã, e uma rede social de blogueiros não se constrói em um dia!

Uma saudação ao aventureiro que eventualmente passar por essas bandas e ler esta merda. Grande abraço!